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Cesta Básica – quem é o vilão por trás dos preços dos alimentos?

Você já parou para pensar por que os preços dos alimentos no brasil são tão caros?

Será que é a inflação? São os malvados dos donos de supermercados que são gananciosos e querem ganhar sempre mais? São os produtores que com a alta do dólar preferem exportar para o exterior do que vender no mercado interno? Ou será que é a população que é muito gulosa e não consegue fechar a boca e parar de comprar as coisas que estão muito caras ou trocar laranja por limão, trocar carne por ovo?

Só o Ovo teve uma alta de 40% nas últimas semanas (fevereiro de 2025), qual o problema com os preços dos alimentos no Brasil? Qual o verdadeiro vilão nessa história?

O verdadeiro vilão que sempre ferrou com as famílias brasileiras muitas pessoas até sabem disso mas não sabe calcular isso para ver os impactos nas nossas contas: são os impostos escondidos nos preços dos alimentos que é um dos maiores vilões na conta de supermercado.

O Brasil é um país que taxa muito mais o consumo ao invés de renda. E as próprias notas fiscais são feitas de tal forma que você não sabe calcular quanto pagou de imposto sobre cada produto, vou mostrar na prática abaixo:

Bandeja de ovo – como calcular quanto de imposto em relação ao preço:
valor total – R$13,90
Valor do imposto – R$3,18
Cálculo errado dos impostos: dividir 3,18 por 13,90 que dá 22%

Cálculo correto dos impostos: o imposto sobre alimentos é calculado de baixo para cima diferente de imposto de renda que é calculado de cima para baixo.

Forma certa: R$13,90 – R$3,18 = R$10,72 esse é o preço real dessa bandeja de ovo.
Então se você acrecentar 3,18 aos 10,72 significa que o aumento real foi de 3,18/10,72 = 30% de impostos
. O governo aumentou o preço desses ovos em 30%.

Vamos piorar as coisas: uma caixa de bombons tem preço final de R$14,79 e o imposto é de R$5,36.
Se você faz a conta errada dividindo 5,36 por 14,79 o imposto vai ser 36% que já é um absurdo mas se você faz a conta certa que é: R$14,79 – R$5,36 do imposto você vai descobrir que essa caixa de bombons que deveria ter um preço popular e acessível para qualquer pessoa incluindo pessoas que ganham um salário mínimo mas não é ele deveria custar apenas R$9,43. Esse é o preço dele verdadeiro.

Como o governo cobra R$5,36 de imposto então o preço desse bombom teve um aumento de 57% do valor. Chocolate é um item de luxo para as pessoas não consumirem.

E esse show de horrores não acaba: Se você pegar um picolé que custa R$3,50 e o imposto é de R$1,12 isso significa que 40% do preço do picolé era imposto. Não à toa se você quiser ensinar seus filhos sobre impostos basta pegar o picolé deles e dar uma mordida de 40% dele e seu filho só come o restante aí ele já vai saber o que é imposto.

Com isso, já deu para perceber que no Brasil os impostos sobre os alimentos são absurdamente altos o que significa que, em média, 1/3 (33%) do preço dos produtos que você paga cai para o governo na forma de impostos. Em países desenvolvidos como os Estados Unidos a taxa é mais ou menos 7% a média.

Só para você ver como isso é complicado pessoas que ganham de um salário mínimo até 2, 3, 4, 5mil reais pode chegar a um comprometimento da renda deles de até 52% do salário gastos com alimentação básica. E se 1/3 disso é imposto então calculamos que uma pessoa que recebe um salário mínimo de 1.500,00 paga cerca de 250,00 reais de volta para o governo do salário que recebeu. Esse valor faria muita diferença no supermercado de muitas famílias.

E você pode argumentar que tem a reforma tributária que começa a partir de 2026. Saiba que essa reforma terá um IVA – Imposto sobre Valor Agregado – de 28% que será o mais alto do mundo e tem itens da cesta básica que estarão isentos e obviamente isso vai disparar os preços em outras coisas, é sempre assim.

Nos Estados Unidos os impostos sobre consumo representam cerca de 4,4% do PIB norte americano enquanto no Brasil isso chega para quase 15% que é 3 vezes mais. Isso explica porque a comida aqui pesa tanto no bolso das pessoas, os impostos encarecem tudo e quem paga as contas somos todos nós.

Então se você quer saber porque os preços estão tão altos não adianta falar para a pessoa não consumir porque eles não podem passar fome, você também não pode culpar os supermercados porque eles também pagam caro o que eles compram para revender para as pessoas.

Quem é o verdadeiro vilão?

O verdadeiro vilão vem do mesmo lugar, o primeiro é a inflação porque o governo gasta demais e faz a inflação disparar que aumenta o preço de tudo e o segundo também não basta a inflação disparar, os impostos que o governo cobra sobre os alimentos também são altos demais.

Essas são as únicas duas coisas que realmente podem mudar, a inflação que depende do governo e cobrar menos impostos que também depende do governo. Então vocês percebem que esse conselho de presidente que “se está caro simplesmente não compre porque os donos do supermercado vão abaixar os preços” não funciona e também se está caro então troque por outro item também não funciona porque se você troca carne vermelha por ovo obviamente o preço do ovo também vai disparar.

Os verdadeiros vilões se chamam inflação e impostos e quem é responsável por esses dois é o próprio governo. Então da próxima vez que você quer culpar o consumo da população ou quer culpar os donos dos supermercados, os malvados dos empresários pense bem em quem realmente é o verdadeiro culpado e vota melhor da próxima vez.

Você acha justo pagar tantos impostos e, em troca, receber falas dos incompetentes no poder sugerindo os supermercados a venderem produtos vencidos para baixar os preços dos alimentos?

Não confie em estado para te dar uma sensação de bem estar independente de qual for o governo. Não confie o seu futuro no estado, é você que tem que ir atrás das suas coisas, das suas soluções para ter uma vida mais digna não importando quem está no poder.

Cesta básica – lista de compras:

A cesta de produtos básicos subiu 14,22% em 2024 sendo que em dezembro de 2024 era necessário desembolsar R$345,23 para adquirir todos os itens.

Isso significa que a inflação real dos alimentos no bolso do brasileiro foi 3 vezes maior que a inflação medida no mesmo período porque o IPCA é uma média de uma cesta de produtos que compõem o índice com pesos diferentes que não condiz com a sua realidade pessoal.

O Banco Central até tenta frear o aumento da inflação com o aumento da taxa de juros já que ambos os índices andam juntos. E com o aumento do dólar no mesmo período de 2024 em 27% em relação ao real a pressão pelo aumento da taxa de juros fez com que chegássemos hoje em Março 2025 quando escrevo esse texto numa taxa Selic de 14,25% que desestimula o consumo das famílias porque perdem poder de compra e o crescimento do PIB do país também diminui para tirar mais reais de circulação na economia e diminuir a inflação.

A meta da inflação no Brasil ideal é estar em 3% com 1,5% para mais ou para menos e em 2025 a tendência é que ela fique no teto máximo da meta de 4,5% podendo ultrapassar esse valor.

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