Veja como Isso só Reforça que Comparar CBDC com Bitcoin é um Erro
O Banco Central do Brasil confirmou que o Drex, sua moeda digital (CBDC), não seguirá pelo caminho da blockchain. Essa decisão reforça que comparar uma CBDC com o Bitcoin é um erro conceitual.
Enquanto as criptomoedas descentralizadas nasceram para eliminar a figura de uma autoridade central, as moedas digitais emitidas por governos são, por definição, centralizadas.
O Que É CBDC e Por Que Não Precisa de Blockchain
Uma CBDC (Central Bank Digital Currency) é uma moeda digital emitida e controlada por um banco central. Por ser estatal, seu desenho é centralizado, e não há sentido técnico em implementar uma blockchain para ela.
A blockchain é um tipo de banco de dados descentralizado, usado em criptomoedas como o Bitcoin, que não dependem de uma autoridade central. Ela distribui as informações por milhares de nós (nodes) ao redor do mundo, garantindo segurança e resistência à censura.
No caso de uma CBDC como o Drex, a descentralização não é necessária, e um banco de dados tradicional é mais eficiente e simples para o propósito.
Blockchain: Quando Faz Sentido e Quando Não Faz
A blockchain é como um banco de dados, mas com a vantagem de ser distribuída e sem um único controlador. No Bitcoin, por exemplo, a mesma transação é replicada em mais de 10 mil nodes — algo ineficiente, mas essencial para manter a descentralização.
Quando se cria uma solução como o Drex, não há necessidade desse modelo. Por isso, o Banco Central decidiu que a primeira fase, prevista para 2026, será sem tokenização.
Centralização: O Ponto Crítico
O valor das criptomoedas está na ausência de controle central. No Bitcoin, ninguém conhece o criador, Satoshi Nakamoto, que desapareceu sem deixar rastros.
Já no caso de moedas com uma figura central identificável — como Ethereum (Vitalik Buterin) ou Monero — existe o risco de coerção, tornando-as vulneráveis à intervenção estatal.
Se um governo decide pressionar o criador de uma criptomoeda, ele pode ser forçado a entregar código, acesso ou chaves. Com o Bitcoin, isso é impossível: o código é público e, mesmo que desenvolvedores sejam perseguidos, a rede continuaria funcionando.
Riscos de uma CBDC
Com uma CBDC, o banco central pode congelar contas, bloquear transações e tomar valores com facilidade. Se você tiver Drex e o BC decidir confiscar, você perde. Isso é uma característica de qualquer sistema centralizado.
Se o seu dinheiro está numa exchange o banco central pode ir lá e bloquear direto, também não importa quantas contas bancárias diferentes você tem. Para o Estado você só tem 1 conta e ele pode bloquear o saldo de todas rapidamente.
O governo brasileiro, assim como outros países, justifica o Drex como inovação, mas na prática ele amplia a capacidade de rastreamento e controle financeiro.
Com o Pix, por exemplo, o Estado já tem acesso a praticamente todas as movimentações, mas o Drex pode aumentar esse poder.
Privacidade e Controle Político
A discussão sobre o Drex é também política. Muitos críticos afirmam que ele foi criado para ampliar o controle do Banco Central sobre a vida financeira da população — algo que o próprio BC nega, mas que países como a China também negam em suas CBDCs.
Apesar das justificativas, o Drex segue o caminho de mais vigilância e menos privacidade para o cidadão.
O futuro da moeda digital brasileira tende a se distanciar das criptomoedas genuinamente descentralizadas e seguir como mais uma solução estatal, com todas as limitações e riscos que isso implica.
Conclusão
O abandono da blockchain pelo Drex é uma decisão tecnicamente coerente, já que o projeto nunca foi sobre descentralização.
Por outro lado, reforça a necessidade de entender que CBDCs e criptomoedas como Bitcoin são tecnologias com propósitos completamente diferentes.
O Drex seguirá sendo centralizado e controlado pelo Banco Central, enquanto o Bitcoin continuará sendo o símbolo máximo da liberdade financeira e resistência à censura.
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